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Origem aposta em verticalização da cadeia do gás em AL.

A Origem Energia, novo nome da Petro+, petroleira controlada pela Prisma Capital, assinou, nesta segunda-feira, contrato com a Petrobras, no valor de US$ 300 milhões, para aquisição do Polo Alagoas, um conjunto de sete concessões de óleo e gás em terra e águas rasas. Com a operação, a empresa se torna uma das dez maiores produtoras de gás natural do país, em meio ao processo de abertura do mercado brasileiro, e prepara um plano de investimentos de US$ 200 milhões em três anos, para recuperar os campos maduros.

O Polo de Alagoas produz, ao todo, 1,9 mil barris ao dia de petróleo e condensado e 600 mil metros cúbicos diários (m3/dia) de gás natural. A estratégia da companhia é diversificar a monetização desse gás, fornecendo-o não só às distribuidoras. A Origem aposta no conceito de integração energética e numa estrutura verticalizada que a permita usar o gás local para a produção de gás liquefeito de petróleo (GLP), o “gás de cozinha”, como a Petrobras já fazia; e para geração termelétrica. Também está nos planos da produtora entrar no segmento de gás natural liquefeito (GNL) de pequena escala.

Junto com os campos, o polo inclui uma unidade de processamento de gás natural (UPGN) com capacidade para 2 milhões de m3/dia, além de duas estações de tratamento e uma malha de 230 quilômetros de dutos com acesso direto ao terminal de exportação de óleo TAMAC, em Maceió (AL).
Presidente e um dos sócios-fundadores da Origem, Luiz Felipe Coutinho, vê na infraestrutura própria um diferencial da petroleira, frente às concorrentes, na abertura do mercado de gás. “Estamos comprando um polo 100% autossuficiente, com zero dependência de outras companhias para o desenvolvimento completo dele”, afirmou Coutinho.

O executivo conta que a Origem tem planos de participar, já a partir deste ano, dos leilões de energia e, assim, entrar no setor de geração. Vale lembrar que o projeto privatização da Eletrobras, recém aprovada pelo Congresso, prevê a contratação de 8 gigawatts (GW) de geração termelétrica a gás. “A crise energética é de estoque de energia, devido ao baixo volume dos reservatórios, e, sem sombra de dúvidas, o gás é estratégico para recuperação dos reservatórios.”

Na distribuição de gás, o Polo Alagoas fornece, hoje, para a Algás (AL) e Copergás (PE). Segundo Coutinho, a intenção é renovar os contratos, que vencem ao fim do ano. O executivo aposta, para isso, na venda do gás a preços mais baixos que os da média do mercado.

No projeto de recuperação do ativo, a ideia é absorver parte do corpo técnico da Petrobras e de terceirizados locais, dentro de uma estratégia de “primeirização”. A expectativa da Origem é elevar o número de empregados de 82 para cerca de 500 pessoas em 2022.

A compra do ativo foi financiada com capital próprio. Coutinho destaca que a Origem está hoje numa “posição privilegiada” de acesso a capital, por ser suportada pela Prisma, gestora independente de investimentos alternativos, e diz que segue de olho em novas oportunidades de aquisição. Segundo ele, a empresa mira não só campos maduros da Petrobras. “Pensando em integração de infraestrutura energética, estamos abertos a olhar todo ativo que faça sentido nesta cadeia, como UPGNs, terminais portuários, termelétricas etc.”

Questionado se abrir o capital da Origem faz parte dos planos, Coutinho explicou que esta é uma opção cogitada, mas para o futuro. “A empresa tem um caminho a trilhar, para comprovar a tese [de investimento] e comprovar os resultados para, eventualmente, irmos ao mercado de capitais com uma história mais robusta e completa.”

A aquisição do Polo Alagoas representa um salto para os negócios da Origem, quatro anos após a sua fundação. A empresa foi criada em 2017, como Petro+, tendo como sócios-fundadores dois jovens empreendedores, o administrador Coutinho, 38 anos, e a engenheira Luna Viana, 34 anos – posteriormente, em janeiro de 2021, o engenheiro americano Nathan Biddle, 39 anos, entrou no negócio.

A petroleira foi fundada de olho nas oportunidades oriundas da abertura da indústria de óleo e gás no Brasil. A primeira investida se deu em 2017, na 4ª Rodada de acumulações marginais da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Na ocasião, com capital próprio, Luna investiu R$ 23,5 mil para aquisição do campo terrestre Garça Branca, na Bacia do Espírito Santo. Em seguida, Coutinho fez um pequeno aumento de capital na empresa, para desenvolvimento do projeto.
Em 2019, a empresa voltou a pagar R$ 1,784 milhão por mais quatro áreas com acumulações marginais, na oferta permanente da ANP. Os sócios-fundadores venderam, então, o controle para a Prisma – que também comprou outra petroleira, a Eagle, fundida à Petro+, resultando na Origem.

No ano seguinte, a Origem por meio da Eagle, comprou, por US$ 3 milhões, quatro campos terrestres da Petrobras na Bacia de Tucano (BA). Coutinho explica que a empresa investirá entre US$ 15 e US$ 20 milhões para aumentar a produção de gás, de 50 mil m3/dia para 150 mil m3/dia este ano e 400 mil m3/dia em 2023. A produtora vende o volume para a Bahiagás.

Fonte: Valor Econômico